Esse texto começa com um trecho da banda Síntese, com uma musica
chamada Alvorada “Observe que a vida é renascer de quando em quando e perceba o
momento de se transmutar chegando”. Por que disso? Porque as pessoas precisam
estar em um processo de evolução, um crescimento espiritual, diário onde as
coisas se revelem como mais do que somente coisas, algumas admiram o por do
sol, reverenciam, sabe, quase como se a moldura do céu desse seu espetáculo diário
para que o olho humano pudesse contemplar as maravilhas da infinitude que o céu
propõe.
Mas ainda é valida a pergunta, “Por que mudar?”, “Por que eu
preciso me tornar mais espiritualmente conectado com as coisas?”, porque temos
apenas uma vida, uma dádiva, uma centelha divina, porque temos muito a
contemplar e pouco tempo para tudo isso e nosso amadurecimento interfere na
forma como olhamos o céu, conseqüentemente a vida. Isso também faz parte de
envelhecer bem, porque construímos relacionamentos maiores e melhores, perceba,
se você não conseguir maturar não se tornara nunca um bom vinho, afinal alguns
bons vinhos, demoram anos para ficarem bons e se você abrir a garrafa antes “puff”,
lá se vão anos de possibilidades e de experiências que poderiam ser incríveis,
mas não foram, porque você quis abrir a garrafa antes. Porque ao invés de
construir pontes você ateia fogo nelas por uma postura de imediatismo e é por
isso que precisamos amadurecer.
É claro que vamos queimar algumas pontes, como Cortella diz “Não
nascemos prontos”, não nascemos mesmo, mas para nosso alivio, a borboleta também
não o faz, ela percebe o momento de se transmutar chegando e se encasula, sim,
ela se fecha dentro de si mesma, sem o barulho externo. Não somos borboletas,
somos humanos, mas ainda sim temos um mundo interno mais vasto do que campos e
florestas, mais povoados de pensamentos e sentimentos do que cidades e não podemos
simplesmente ignorar, não podemos passar pela vida como se os prazeres fossem
imediatos, construa as pontes, porque assim eles transitarão entre o espaço que
os divide.
E não se esqueça, somos nós os capitães de nossos destinos, somos
nós as centelhas divinas que fazem com que a nau saia e navegue o rio da vida,
simplesmente, não se esqueça que reverenciar o por do sol e chorar, são
aspectos de quem somos, mesmo tão longes um do outro, não se esqueça que cada experiência
vivida compõe um quadro maior, sem molduras e sem limites, e que as vezes
podemos ver o quadro inteiro se nos afastarmos e refletirmos, mas precisamos
olhar algumas das pinceladas e nos lembrar que no inicio da pintura, éramos amadores
em pintar e conforme avançamos na pintura, mesmo que ainda amadores, amamos
fazer alguns dos traços do quadro e que permitir que outros pintem é parte do
processo, afinal, quais cores vemos quando nós fechamos os olhos? Nesse texto
eu vejo vermelho.
Romulo O. Sarra
29/03/2018
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